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Publicações - Quatro Rodas nº 386 de setembro de 1992 60.000 km (páginas: 28 e 29)
Gurgel Supermini BR-SL Na pista, a 111 km/h
 Gurgel Supermini: teste de velocidade máxima na pista do aeroporto de Viracopos
Não é o carro dos sonhos da equipe de QUATRO RODAS, mas o Supermini esta surpreendendo por sua boa performance no trânsito urbano. O primeiro ponto favorável é o consumo acima de 14 km/l, que lhe dá o título de carro mais econômico já testado em 60 000 km. O segundo, por se mostrar um carro ágil, com um volante muito leve e facílimo de manobrar, cabendo em qualquer lugar. Com todos esses méritos, o Gurgel foi para a revisão dos 2 500 km e depois para o primeiro teste nas pistas de Limeira e Viracopos, nas mãos do editor executivo Luiz Bartolomais Júnior. Os carros de nossa frota passam por dois testes - um, logo após a primeira revisão; o outro, depois dos 60 000 km - para estabelecer diferenças entre os números do carro novo e do usado. Com a utilização, o motor se "solta" e melhora em quase todos os resultados de desempenho. Essa avaliação, no entanto, serviu também para mostrar como está o desenvolvimento do Supermini em relação ao modelo de que foi derivado, o antigo BR-800. A conclusão é a de que o carrinho está evoluindo, embora ainda tenha muito caminho pela frente. A Gurgel solucionou, por exemplo, dois defeitos imtantes: seu motor não detona com facilidade e o painel não ameaça mais cair sobre o colo do motorista, com a trepidação. Esses problemas surgiam em conjunto, cada vez que se trocava de marcha e começava a acelerar. Mas as outras críticas feitas ao antecessor ainda valem para o Supermini. A pedaleira é a campeã nas falhas de projeto: 1) exige que se dirija com os pés inclinados para a direita, quando o correto seria estar centralizada; 2) o pé do motorista continua enroscando com facilidade no momento em que passa do acelerador para o freio; 3) na hora de frear, pisa-se na haste do pedal e não na sapata do freio.
 Painel: comandos mais bem posicionados e conta-giros muito à direita.
Os defeitos seguem com a tampa do porta-luvas, barrada pela alavanca de câmbio. E quase impossível abrir o porta-luvas com o veículo em movimento. E, acima dos 3.500 rpm, continua existindo uma reverberação muito forte, que se propaga a partir dos cantos internos do porta-malas para todo o interior do veículo. Por último, os adesivos plásticos - que compõem a decoração das portas e também estão junto dos limpadores de pára-brisa - soltam com facilidade. Falta qualidade de produção. Mais um pequeno inconveniente: para calibrar os pneus é preciso retirar as calotas.
 O porta-malas é de um carro urbano com pouco espaço para bagagem.
O Supermini mostrou-se prático para o uso na cidade. E claro que estamos falando de velocidade até 60 km/h. Na estrada, a história é outra, pois ele é lento e, nas subidas, exige sempre a segunda marcha. O desempenho melhoraria ligeiramente com um diferencial mais curto. O do Chevette Junior caberia como uma luva, mesmo porque a transmissão do Supermini foi claramente inspirada na do Chevette. O baixo desempenho deste Gurgel ficou claro na pista: 111 km/h de velocidade máxima e 34s63 para ir de o a 100 km/h. Em frenagem ele se saiu melhor. O BR-800 levava 54,40 metros até parar, enquanto o Supermini faz isso em 47,11, mesmo sem ter recebido servofreio - um componente que não chega a fazer falta num veículo tão leve, com 650 kg. O carrinho também confirmou nossa suspeita sobre sua pouca estabilidade, tanto que obteve a pior aceleração lateral entre os veículos já testados: 0,68g.
 O motor tem 800 cm³ e 2 cilindros.
Em acabamento, o Supermini evoluiu. Prova disso são os vidros descendentes nas janelas, no lugar dos de correr; completa reformulação das alavancas de comandos elétricos e interruptores; conta-giros instalado no painel, embora mal localizado; o banco traseiro dividido ao meio, permitindo melhor combinação entre passageiros e bagagem. Enfim, o Gurgel Supermini tem quase tudo para ser uma solução urbana. Resta deixar o preço mais em conta para o bolso do consumidor, pois US$ 7.000 por um automóvel dessa categoria ainda é muito dinheiro.
COMPARE OS NÚMEROS |
Teste |
BR-800 |
Supermini |
Velocidade máxima (km/h) |
110,5 |
111,1 |
Aceleração 0-100 km/h (segundos) |
34,39 |
34,63 |
Consumo a 80km/h (km/l) |
19,40 |
19,56 |
Nível de ruído a 80 km/h (decibéis) |
71,5 |
71,4 |
Retomada 40 km/h - 1.000 m (segundos) |
46,47 |
47,26 |
Frenagem a 80 km/h (metros) |
54,4 |
47,11 |
Aceleração lateral (g) |
- |
0,68 |
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Após o teste de velocidade máxima, em Viracopos, o Gurgel Supermini ficou estacionado no pátio, aguardando a saída da equipe. De repente, pára um furgão utilizado pelo pessoal do aeroporto. Dá ré, acelera e... sobe no nosso Supermini. O motorista do furgão desce assustado, pedindo mil desculpas. Ele simplesmente não viu o carrinho atrás. Felizmente, o capô em fibra do vidro resistiu ao tranco: dobrou e voltou ao lugar de origem, como um brinquedo de plástico. |
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Até a primeira revisão, a de 2.500 km, o Supermini da Gurgel vinha mantendo uma média de 12,69 km/l. Após a revisão, feita na Gurgel Trade Center, em São Paulo, a boa marca de consumo melhorou ainda mais e agora o pequeno carro está fazendo 14,35 km por litro do gasolina. |
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A revisão foi rápida e, ao que parece, bem-feita. Foram trocados filtro de óleo de motor, junta da tampa de válvulas e coletor de admissão. Do valor de Cr$ 138.600 cobrados, Cr$58.800 representaram a mão-de-obra de alinhamento, e Cr$79.800 foram de peças. |
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