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https://gurgel800.com.br/publicacoes/quatrorodas/369/ |
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Publicações - Quatro Rodas nº 369 de abril de 1991 GURGEL BR-800Muitos erros e poucos acertos de um carro todo brasileiro LUIZ BARTOLOMAIS JUNIOR Existe uma novidade no mercado de automóveis chamada Gurgel BR-800 SL. Ele só estava disponível para os acionistas da fábrica, mas agora pode ser comprado por qualquer pessoa. QUATRO RODAS testou o carro e tem duas notícias sobre ele - uma boa e outra ruim. A boa: o BR-800 é o novo campeão de consumo em cidade, com a média de 12,2 km/l, batendo o Gol CL (11,61 km/l), o Uno Milie (11,52 km/l) e o Escort L (11,42 km/l). A notícia ruim: os defeitos dão de goleada nas qualidades. Isso seria atenuado se a fábrica tivesse cumprido a promessa de fazer o carro mais barato do país. Não conseguiu. Apesar das facilidades na taxação (apenas 5% de IPI, enquanto os outros automóveis pagam de 20% a 37%), em março o BR-800 custava cerca de 90.000 cruzeiros a mais que o Uno Mille.
A posição de dirigir é o seu ponto crítico Este Gurgel é um carro feito para rodar basicamente na cidade. Mas, se o trânsito urbano fosse dominado pelos BR-800, certamente haveria nas ruas um exército de motoristas insatisfeitos. Explica-se: no desejo de fabricar um carrinho para a realidade do Terceiro Mundo, a Gurgel desprezou todos os itens de conforto. Mesmo em baixa velocidade e levando em conta a boa intenção do projeto, dirigir o Gurgel BR-800 deixa a sensação de que o preço de sua economia é o eterno desconforto. Se é um carro para uso urbano num país tropical, por que a ventilação interna é tão ruim? Os vidros não abrem totalmente e se movimentam para frente e para trás, a exemplo da Ferrari F40 (que, no entanto, desliza em autopistas do Primeiro Mundo a mais de 200 km/h). A posição de dirigir só favorece as pessoas de baixa estatura. Os pedais estão mal localizados e acabam se tornando um transtorno para o motorista. Veja:
O volante (leve e ágil) está mal posicionado e obriga o motorista a dirigir com os braços esticados. A simplicidade dos instrumentos corresponde à proposta do carro - ainda que tenha havido uma certa dose de exagero nas soluções adotadas. Os estranhos comandos da buzina, das luzes, do lampejador de faróis, do limpador e do lavador do pára-brisa não são iluminados à noite. Para acioná-los no escuro, só mesmo usando o método Braille. No comutador de seta há uma ilegalidade: ele não tem retorno automático. Transporte isso para o uso urbano, onde o pisca-pisca é usado constantemente.
Se a falta de conforto decepciona, a parte mecânica também está longe de agradar - embora o Gurgel utilize vários componentes de outros carros nacionais. Os freios, por exemplo, são os do Chevette. Pena que a adaptação ao BR-800 foi infeliz. A 60 km/h, o Chevette precisa de 17,4 m até parar. Já o BR-800, com 204 kg a menos, percorre 19,6 m. Além dos freios, o BR-800 herdou o câmbio, o cardã e o diferencial do Chevette. Trata-se de um câmbio robusto, com engates fáceis... mas superdimensionado para o pequeno motor de 2 cilindros e 33 cv. O peso das engrenagens e o arrasto aerodinâmico provocado pelo cardã desproporcional prejudicam o consumo. O motor é barulhento e vibra demais, transmitindo toda essa trepidação ao compartimento de passageiros a cada mudança de marcha. Por trás dessa vibração ainda é possível ouvir algumas batidas de pino. Sinal de que alguma coisa não está resolvida na ignição. Até os 60 km/h, o BR-800 é um carro estável. Como foi projetado para rodar em baixas velocidades, nessa margem ele corresponde às expectativas. Acima dessa velocidade, entretanto, precisa ser dirigido com cuidado. Embora sejam resistentes, as molas semi-elípticas usadas na suspensão traseira comprometem a estabilidade nas curvas de alta. O problema é realçado pela pequena distância entre eixos. Para compensar esses itens negativos, o BR-800 manobra com enorme facilidade no trânsito. Se o Uno, com seus 3,64 m de comprimento, é considerado um campeão de agilidade, que dizer do Gurgel e seus 3,19 m? Essa característica, aliás, vem desde o protótipo 280 M, testado por QUATRO RODAS em outubro de 1988. De lá para cá, o carrinho da Gurgel evoluiu bastante. Dois exemplos: 1) o vidro traseiro era fixo e ficou basculante para permitir o acesso de bagagem ao porta-malas: 2) a suspensão dianteira, que trabalhava em banho de óleo, agora funciona a seco. Mas ainda é pouco. Afinal, quem compra um carro exige, no mínimo, prazer ao dirigir.
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