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Publicações - Oficina Mecânica nº 124
Supermini 1.6
(páginas: de 40 a 42)


Adaptação - Supermini 1.6


Supermini 1.6
Gurgelzinho tem cilindrada dobrada usando motor VW 1.6 a ar.
Agora, com 65cv, passa dos 130 km/h

O engenheiro mecânico Ivson Marques finalizou, no ano passado, uma adaptação que muitos achavam impossível: instalou um motor VW 1.6 a ar (de um Gol antigo) num Gurgel Supermini. Resultado, o pequeno Gurgel - que tinha 792 cc e 36 cv de potência - ganhou mais 29 "cavalos", passando para 65 cv, além de ter sua cilindrada duplicada. Agora, o carrinho acelera de 0 a 100 km/h em apenas 16 segundos (o que sé conseguia antes em longos 34 segundos) e encara facilmente qualquer "Popular" de 1.000 cc pela frente. Já a velocidade final subiu dos 111 km/h (com o motor Gurgel de 792 cc) para 135 km/h, segundo o proprietário, mais do que suficiente para esse minicarro.

Com o aumento de potência, o pequeno Gurgel - de apenas 645 quilos - obteve uma melhora significativa na relação peso/potência, passando de 17,9 kg/cv para apenas 10,3 kg/cv, o que o deixou muito mais ágil nas acelerações, retomadas de velocidade e principalmente, no trânsito.

Outro dado curioso: o motor Gurgel, com apenas dois cilindros, tem projeto semelhante ao quatro cilindros - também contrapostos - da Volkswagen e a sua cilindrada original (de 792 cc) é exatamente a metade da cilindrada do Gol 1.6 a ar, que tem 1.584 cc. O propulsor do Gurgel é praticamente um Volkswagen 1.6 "cortado ao meio". Com a adaptação, o engenheiro "devolveu" os dois cilindros que o motor havia perdido.

Motor VW 1.6 a ar
O motor VW 1.6 se encaixou perfeitamente no Gurgel.
O capô do carro ganhou um ressalto para poder abrigar
a ventoinha de ar do Gol

O Gurgel foi um presente de Ivson para sua mulher. Apesar de ter gostado, ela achou o carro lento, o que levou Ivson a fazer a mudança de motor. A adaptação foi feita por ele mesmo durante os fins-de-semana e feriados "ociosos". No total, foram 24 dias de trabalho divididos em três meses.

O primeiro passo foi descobrir qual o motor adequado ao chassi e espaço disponível no "cofre" do Supermini. Ivson mediu vários outros motores, como Chevette, Uno e Gol. Depois de muitos cálculos, concluiu que o ideal seria o do VW Gol 1.6 a ar, que caberia no Gurgel sem muitas alterações. Descoberto o motor, Ivson procurou informações sobre a viabilidade dessa transformação. Por incrível que pareça, todos disseram que a adaptação seria impossível. Se enganaram! Ivson foi em frente e atualmente o Gurgelzinho já acumula mais de 4.000 km rodados sem apresentar problemas mecânicos.

Para adaptar o motor do Gol a ar, com carburação simples (tudo original VW), no lugar do bicilíndrico Gurgel, foi preciso apenas substituir os coxins na dianteira do câmbio (que acabam sustentando o peso do motor) por outros de neoprene, devido ao maior peso. Não foi preciso "criar" travessas ou suportes, uma vez que o motor fica "pendurado" no câmbio, como no Fusca.

Gurgel Supermini

Antes da adaptação, o pequeno Gurgel era refrigerado a água, com radiador e ventoinha elétrica. Esses componentes, mais mangueiras, foram todos eliminados, já que a refrigeração do novo motor é a ar. O motor do Gol foi escolhido por ter a caixa da ventoinha mais baixa que a do Fusca, por exemplo. Para dar mais charme ao motor, Ivson colocou um filtro de ar esportivo no carburador único com tela cromada de metal.

Adaptação mesmo foi feita no coletor de escape. O coletor original do Gurgel não servia no motor VW e o do Gol não cabia no compartimento do Supermini. Soldando um cano ao outro, foi possível montar um coletor de escape especial para o cano, nas dimensões e desenho adequados ao motor, para se unir ao restante do sistema de escape original do Gurgel. O único trabalho de preparação foi no volante do motor: o utilizado é da VW Brasília, assim como o disco da embreagem, aliviado em 15% do seu peso original para melhorar as arrancadas.

Gurgel Supermini

A suspensão do Gurgel também não sofreu alterações. A dianteira manteve as mesmas molas e amortecedores originais (apesar do acréscimo de 25 kg no peso apenas por conta do novo motor). A suspensão traseira (com eixo rígido) também não precisou de reforços. O sistema de freio, com discos na dianteira e tambor na traseira, continua original e "segura bem" o carrinho, mesmo com o motor VW 1.6.

A parte elétrica também é dos VW 1.6, inclusive o alternador que veio junto com o novo motor. A ignição do VW tinha distribuidor com platinado,que foi substituída pelo sistema Bosch eletrônico, sem platinado.

Gurgel Supermini

O que poderia apresentar problemas de adaptação seria o câmbio e a transmissão. Mas não houve imprevistos. O encaixe do motor Gurgel é idêntico ao do VW, permitindo acoplamento perfeito com o câmbio original do Gurgel. A tração traseira é transmitida por eixo cardã e diferencial, com componentes semelhantes ao do Chevette, que é original do Gurgel. O Supermini continua com câmbio de quatro marchas, com relações originais, apesar da mudança da rotação de potência máxima (de 36 cv a 5.500 rpm para 65 cv a 4.600 rpm) e de torque máximo (de 6,6 kgfm a 2.500 rpm para 12 kgfm a 3000 rpm). Potência e torque praticamente dobraram.

Com tanta "força", além de 25 quilos a mais de peso no eixo dianteiro, o comportamento do gurgelzinho também se alterou: nas acelerações em saídas de curvas, segundo o proprietário, caso o piloto não dose o acelerador, o Supermini tende a "escorregar" de traseira, o que é fácil de corrigir devido à pequena distância entre-eixos.

O visual do carro foi mantido, sofrendo apenas uma alteração na tampa do motor: a ventoinha muito grande impedia que a tampa original fechasse perfeitamente. Como o capô é de fibra, foi criado um ressalto (espécie de bolha), também em fibra, para eliminar o problema.

Gurgel Supermini - Painel
Internamente, o Gurgel Supermini não sofreu nenhuma modificação
e ainda mantém os instrumentos originais do painel,
apesar da mudança no nível de rotações do motor

Há ainda a possibilidade de se preparar esse motor VW 1.6 a ar que está no Gurgel. Ivson pretende colocar carburação dupla - o espaço permite sem problemas. Mas ainda pode alterar taxa de compressão e até aumentar cilindros e pistões para ganhar mais cilindrada.

Segundo Ivson, "a grande satisfação é arrancar no farol e olhar para as pessoas ao lado, que ficam indignadas ao ver um pequeno Gurgel andando tanto". Todas essas mudanças tiveram um custo total de R$ 2 mil. Gastos apenas em peças, já que a mão-de-obra foi totalmente do engenheiro, leitor de MECÂNICA. Nesse valor estão incluídos a compra e retífica do motor, ignição eletrônica, embreagem e outros componentes.


Reportagem enviada por Germano Caldeira



Publicações >> Oficina MecânicaPágina atualizada em: 02/10/2022 23:32