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Publicações - Fusca & CIA nº 24 de março de 2007 GURGEL XEFEste modelo foi a primeira tentativa da Gurgel no segmento de carros de passeio, mas, apesar das dimensões reduzidas, ele tinha custo elevado e status de exclusividadeTexto: Anderson Nunes - Fotos: Saulo Mazzoni O visionário João do Amaral Gurgel sempre sonhou produzir um automóvel compacto e ágil, apropriado para trânsito pesado dos grandes centros urbanos. Segundo ele, nos tempos da universidade chegou a desenhar um veículo com motor de dois cilindros. Assim, após ter alcançado popularidade como fabricante de utilitários, que basicamente utilizavam a mecânica do Fusca, Gurgel também aproveitou a mesma mecânica para seu primeiro projeto de carro urbano. A novidade foi apresentada no Salão do Automóvel de São Paulo, realizado em 1981, como protótipo sendo batizado de GTA: Grã Turismo Articulado e que chamou a atenção principalmente pelas dimensões reduzidas, com 3,12 m de comprimento e apenas 1,80 m de distância entre eixos. Outra curiosidade: o interior acomodava apenas três ocupantes sentados lado a lado. O desenho tinha detalhes com clara inspiração nos modelos Mercedes-Benz da época. Segundo consta, era uma indicação que Gurgel buscava um consumidor específico, que entendesse sua proposta de carro urbano. Por isso, não havia basicamente espaço para bagagem, já que o reduzido espaço na frente do carro era tomado pelo tanque de combustível de 55 litros e pelo estepe.
DE GTA A XEF Dois anos após esta apresentação, a Gurgel mostrou um novo protótipo já rebatizado de Xef. Segundo consta, esta denominação foi dada casualmente por Maria Cristina, filha de João Gurgel, quando ela chegou certo dia em casa dirigindo o protótipo. Ao ser indagada de quem era o estranho veículo: "É do Chefe!", teria respondido a moça indicando que se tratava do novo carro projetado pelo pai. Com relação ao GTA, o Xef apresentava diversas mudanças estéticas. A principal era nas portas, nas quais foi adotado o quebra-vento original do Fiat 147, enquanto na lateral traseira foi instalada uma janela em forma de escotilha. Outro detalhe bastante curioso era o pára-brisa e o vigia traseiro com o mesmo formato, isto é: tratava-se do pára-brisa original do Brasília. Assim, peça podia ser intercambiável, como destacava o fabricante em sua propaganda: "O único carro nacional com pára-brisa de reserva". Na proposta inicial, devido ao restrito espaço para a bagagem, uma pequena carreta poderia ser acoplada à traseira do modelo como uma espécie de porta-malas removível. Mas ao apresentar o protótipo do Xef, Gurgel confirmou a retirada da proposta do reboque. Segundo ele, de acordo com pesquisas de mercado realizadas, os prováveis compradores julgaram desnecessário este componente.
ESTILO MERCEDES As linhas do pequeno carro procuraram imitar alguns detalhes de estilo dos automóveis Mercedes-Benz que, na época, eram o sonho de consumo no mercado brasileiro, quando as importações eram limitadas aos corpos de embaixadas estrangeiras. Isto pode ser notado principalmente no recorte dos pára-lamas e na dianteira destacando os faróis retangulares, de Voyage, com lentes dos piscas na extremidade. Este conjunto se completa com uma falsa grade pintada em preto fosco, outra imitação dos modelos da fábrica alemã. Um “G” estilizado aplicado sobre o capô dianteiro também procura aludir à marca da estrela de três pontas. De perfil, o que mais chama a atenção é o formato da carroceria: nitidamente um três volumes, algo pouco comum em veículos desse porte. As portas, bem dimensionadas, facilitam a entrada e, internamente, os detalhes no acabamento surpreendem quem está habituado com o acabamento espartano dos utilitários Gurgel. As rodas também tem desenho descaradamente inspirado nas dos carros da Mercedes, enquanto a denominação Xef vem aplicada no pára-lama dianteiro. Na traseira, as lanternas caneladas, originais do Brasília, também seguem a tendência de estilo ditada pelos modelos alemães.
ESPAÇO REDUZIDO O interior só comporta três pessoas sentadas lado a lado devido a boa largura do carro: 1,70 metro, sendo que o banco do motorista é separado dos passageiros. Estes já vinha com apoios de cabeça e podiam ser revestidos tanto em tecido como couro. Atrás dos encostos, que podem ser rebatidos, uma bolsa elástica tem a função de prender a bagagem no reduzido espaço. O painel completo dispõe de cinco instrumentos: velocímetro, conta-giros, pressão do óleo, vacuômetro e nível de combustível, enquanto o volante tem duas hastes. Todo o interior era acarpetado e o Xef também já saía de fábrica com rádio toca-fitas e vidros elétricos. A Gurgel chegou a estudar oferecer um sistema de ar-condicionado, mas isto nunca chegou a fazer parte do pacote de opções. Embora o Xef utilize mecânica básica VW a ar de 1,6 litro, seu chassi foi desenvolvido pela própria Gurgel. Trata-se de uma estrutura tubular de aço incorporada pela carroceria de plástico reforçado com fibra-de-vidro. Já a suspensão é a tradicional do Fusca, com braços arrastados superpostas, lâminas de torção e barra estabilizadora na dianteira, enquanto na traseira o sistema é o de semi-eixo oscilante com uma lâmina tensora longitudinal de cada lado ligada à barra de torção, além de cinta limitadora de curso de distensão. O motor VW 1,6 a ar tinha opção de carburador simples na versão a gasolina ou dupla-carburação na versão a álcool, com potências de 48 cv e 56 cv, e torque de 10 mkgf ou 11,3 mkgf, respectivamente. O câmbio VW de quatro velocidades, mais ré, utilizava as mesmas relações de marcha e de diferencial do VW 1300. Nos testes realizados na época pelas publicações especializadas o Xef chegou a atingir velocidade máxima de 138 km/h e foi de 0 a 100 km/h em 19,6 segundos.
LANÇAMENTO COMERCIAL O modelo definitivo entrou em linha de produção no começo de 1984, com mais algumas mudanças estéticas. Um ressalto na lateral traseira foi abolido e a janela em formato de escotilha passou a ser oval, deixando a linha mais equilibrada. A tampa do motor também teve seu desenho alterado e as saídas de ar passaram para trás da placa. Seguindo o desenho das lanternas traseiras, foram adicionadas aletas para refrigeração do motor. Os pára-choques ganharam duas garras e, no interior, o painel de instrumentos foi modificado com os mostradores fixados horizontalmente e o conta-giros no mesmo tamanho do velocímetro. Os bancos tiveram os apoios de cabeça separados dos assentos. O emblema "G", no capô, migrou para a coluna traseira. O Xef foi produzido até meados de 1986. Nesse período, a Gurgel também alterou a grade dianteira, que foi integrada ao capô e os pára-choques perderam as garras, mas ganharam uma proteção emborrachada. Internamente, o fabricante passou a oferecer a opção de banco inteiriço, enquanto o freio de mão foi transferido para baixo do painel. Na ocasião foi apresentada uma versão protótipo de picape, batizada de Itaipu E-250, mas que acabou não entrando em produção. Já os números de unidades produzidas do Xef não são muito precisos. Com base em estimativas pode-se calcular que pouco mais de 120 unidades deixaram a linha de montagem na fábrica de Rio Claro, SP.
Reportagem enviada por Felipe Bonventi
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