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Publicações - Auto Esporte nº 221 (abril de 1983) Gurgel G-800 CD, uma pick-up para todos os diasLançando a Gurgel G-800 CD a Gurgel procura atingir uma faixa de mercado pouco explorada, com um veículo que pode ser utilizado tanto para o transporte de pequenas cargas durante a semana, como para os passeios da família nos fins de semana. Texto de Roberto Marks
Desde que se transferiu para Rio Claro (SP), a Gurgel acelerou o plano de expansão da sua linha de produtos. Tradicional fabricante de utilitários que começou com o jipe, a diversificação se fazia necessária para consolidar a marca nesta linha de veículos e garantir os projetos de crescimento. O primeiro modelo dessa diversificação foi o X-15, posteriormente rebatizado como G-15, lançado em duas versões: pick-up e perua. Utiliza motor e câmbio Volkswagen e para ele, como no jipe, foram desenvolvidos carroçaria e chassis integrados no sistema Plasteel, patenteado pela empresa. O G-15, entretanto, era basicamente um utilitário sem qualquer compromisso com acabamento e luxo. A finalidade básica era atingir uma faixa de mercado em que a pick-up VW, mesmo sem concorrência, não conseguia satisfazer totalmente a expectativa dos consumidores. Haviam boas possibilidades para um veículo de fibra, especialmente em frotas que enfrentavam trechos de terra e praia. A fábrica, porém, logo detectou o interesse de inúmeros particulares no veículo, principalmente proprietários de fazendas ou de casas no litoral ou no campo, que encontrariam no G-15 o veículo ideal para o transporte da família e da bagagem nos fins de semana.
A partir dessa constatação a Gurgel passou a trabalhar em uma nova linha de veículos, batizada de G-800, utilizando basicamente a carroceria do E-400, o modelo elétrico que a empresa vem desenvolvendo há alguns anos. Além da preocupação com um estilo mais moderno, a fábrica também procurou aumentar o conforto e melhorar o acabamento: Lançada em dois modelos, CS (Cabine Simples) e CD (Cabine Dupla), a Gurgel G-800 é uma pick-up fornecida nas versões a álcool e a gasolina e que tem por finalidade aumentar a penetração da Gurgel no mercado. De acordo com o fabricante, trata-se de um modelo destinado a uma faixa diversa da G-15, que continua sendo fabricada. Para nossa avaliação utilizamos a G-800 CD, que pretende atingir um público interessado em um veículo para viagens de lazer e que também ofereça boa capacidade de carga. Com o modelo, a Gurgel pretende posicionar-se na faixa dos utilitários "familiares", apesar de não apresentar exatamente essas características. Porém, o bom espaço interno confere bastante conforto para cinco e até seis passageiros. Como é A G-800 CD Utilizando como base a carroceria do furgão elétrico, os estilistas da Gurgel desenvolveram esta pick-up de cabine dupla procurando unir boa capacidade de carga com muito espaço e conforto para até seis passageiros. A frente da G-800 é semelhante em todos os detalhes à da E-400, modelo elétrico, o que leva muitas pessoas a perguntarem se o veículo possui motor elétrico. Em qualquer local onde a equipe de AE parava, a pergunta era invariavelmente formulada, o que demonstra que o modelo elétrico da Gurgel está muito bem difundido.
A parte frontal se caracteriza pelo pára-brisa. O mesmo da Kombi, porém em posição bem mais inclinada e que proporciona boa penetração. Esse detalhe, entretanto, tem muito mais finalidade estética do que aerodinâmica. Mesmo assim, o artifício contribui para determinar uma característica exclusiva à pick-up da Gurgel. Mas, por outro lado, diminui a visibilidade do motorista, além de reduzir um pouco o espaço interno. Nas laterais, a Gurgel optou pela utilização de apenas uma porta de acesso para a parte traseira da cabine. Graças a esse detalhe, as duas laterais ganham uma diferença contrastante: enquanto no lado direito utilizam-se vidros de pequeno tamanho, no lado esquerdo um grande vidro panorâmico destoa completamente da outra lateral. Um ponto que poderia muito bem ser resolvido com a reestilização da porta de acesso à parte de trás. Essa porta, um pouco mais larga, abrigaria também um vidro com as mesmas dimensões do utilizado na lateral esquerda: em decorrência, maior harmonia e facilidade de acesso para o transporte de objetos maiores.
Na traseira existe uma pequena carroceria em cima do motor, com laterais e tampa também de fibra. Essa tampa pode ser removida, o que resulta em um espaço de 1,5 x 1 metro e permite o transporte de grandes volumes, como geladeiras e máquinas de lavar. Com a tampa ela se torna uma espécie de porta-malas, mas diminui bastante a capacidade de carga.
Os pára-choques são envolventes, moldados na própria carroceria e, portanto, também pintados em preto-fosco. Os faróis estão instalados no pára-choque dianteiro e as lanternas de sinalização, no traseiro.
De uma forma geral, olhando-se por fora, a G-800 parece muito maior do que os 4,05 m de comprimento total - menor do que muitos automóveis que rodam por nossas ruas. Outro detalhe que chama a atenção é a elevada distância mínima (26 cm) do solo. Na frente das rodas dianteiras e atrás das traseiras essa distância aumenta ainda mais, o que caracteriza o veículo como próprio para utilização nos mais diversos tipos de terreno - espécie de marca registrada dos modelos da Gurgel. Chama a atenção também a pequena distância entre-eixos e o elevado comprimento da parte frontal da carroceria.
Na lateral esquerda, abaixo do vidro panorâmico, há uma porta de acesso a um compartimento que abriga a bateria, o pneu estepe e as ferramentas. Esse espaço, juntamente com o tanque de combustível, localizado também embaixo do piso interno da carroceria, contribui para deixar os passageiros em posição bem alta em relação ao solo.
Dentro: muito espaço, pouco conforto O acesso aos bancos dianteiros é dificultado pela distância do solo, que na porta dianteira chega a quase meio metro. E aí começam os problemas de conforto da G-800, apesar do grande espaço interno. Na frente, os dois bancos individuais, totalmente reclináveis, são anatômicos e confortáveis. O do motorista, porém, está mal posicionado em relação ao volante da direção. Todo para a frente, permite boa empunhadura da direção, mas as pernas ficam muito dobradas e dificultam o comando dos pedais. Para trás, as pernas ficam bem posicionadas; em compensação, os braços ficam muito esticados em relação ao volante, prejudicando as manobras e a visão do painel. Este, por sua vez, é dos mais pobres: contém apenas velocímetro e marcador do nível de combustível, além dos comandos de luzes, limpadores de pára-brisas, pisca-alerta, ventilação interna e temporizador do limpador. Com o banco do motorista colocado mais atrás, o acesso a esses comandos também é dificultado, o que obriga ao deslocamento do corpo para a frente a fim de alcançá-los. O banco do passageiro pode vir equipado com um sistema giratório que permite que ele fique voltado para trás.
Na parte traseira da cabine existe muito espaço, mas ali também surgem problemas com referência ao conforto. Com piso muito alto, a posição de sentar do banco traseiro é baixa, o que obriga também os passageiros a viajarem em posição incômoda, principalmente aqueles com pernas compridas.
Esses detalhes podem ser facilmente solucionados, bastando uma análise mais minuciosa desses pequenos problemas, já que existe espaço suficiente. Outro detalhe que também merece ser revisto se refere aos diversos pontos mortos de visibilidade, que dificultam sobremaneira as manobras de estacionamento, apesar dos grandes espelhos retrovisores laterais. É importante também melhorar a circulação de ar no interior, com saídas para o ar viciado que embaça os vidros nos dias de chuva. Outro fator que prejudica o conforto nas viagens é o alto nível de ruído interno provocado pelo motor. Um problema que também poderia ser amenizado com maior forração acústica. Não queremos, com essas críticas, mudar as características da G-800. É realmente um utilitário e sob este prisma que procuramos abordá-lo. Porém, como se trata de um veículo para uso misto com preço em torno de Cr$ 4 milhões, entendemos que alguns detalhes deveriam receber maior atenção da fábrica. A tampa do bocal de combustível, por exemplo, não possui chave. E, situada na posição em que se encontra, facilita o roubo. Como anda a G-800 A utilização do motor Volkswagen 1.600, na traseira, confere à G-800 o ruído típico da Kombi. A alavanca de câmbio, bem posicionada, e a alavanca de comando do freio de mão também são as mesmas da Kombi. E lá vamos nós com a G-800.
Rapidamente se acostuma com a posição esticada dos braços, sentida, entretanto, quando se procede a uma manobra mais lenta em pequenos espaços. Na estrada, porém, a pick-up desenvolve bem, com a boa contribuição do design de perfil mais penetrante. A ação de ventos laterais só é sentida em velocidades acima de 100 km/h. Quanto à dirigibilidade, notamos acentuada tendência de sair de frente nas curvas mais fechadas.
A elevada distância mínima do solo é compensada com a suspensão dura original VW na frente, com feixes de molas em torção, e a traseira desenvolvida pela própria Gurgel, com molas helicoidais. Essa suspensão garante boa estabilidade e dirigibilidade à G-800 no asfalto, mas a torna desconfortável em terrenos acidentados. Essa, entretanto, é uma boa característica para um utilitário feito para andar em qualquer tipo de estrada. A G-800 vem equipada de fábrica com pneus radiais, detalhe que contribui para a dirigibilidade e estabilidade do veículo no asfalto, mas que serve para tornar mais cansativa a travessia por terrenos acidentados. Em termos gerais, a G-800 cumpre a finalidade para a qual foi desenvolvida. Em viagens em estrada ele trafega com toda segurança em torno dos 80 km/h. O único senão fica por conta dos detalhes de conforto já mencionados. Uma maior preocupação com esses detalhes contribuiria para melhorar as viagens mais longas.
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